quinta-feira, 1 de maio de 2014

Relato de Parto de Camila Prado

Relato de Parto de Camila Prado 27/11/2013 (Parto Domiciliar)


Antes tarde do que nunca, aqui vai o relato do meu parto.
Porém, antes de relatar o meu parto, gostaria de falar sobre os motivos que me levaram a escolher o parto natural domiciliar para o nascimento da nossa Ana Luísa.
Até a gestação eu desconhecia essa possibilidade, poder ter minha filha da maneira mais natural e fisiológica possível. Meu esposo quem comentou que existia e a mulher de um amigo dele tinha feito. Com a informação fui pesquisar sobre, li muito e esse é o momento que parece que você sai de um mundo e entra em outro completamente diferente, vê o quanto somos enganados pela indústria do parto e simplesmente aceitamos.
Mas em casa? Mesmo com todas as informações ainda tinha um receio, me faltava confiança para decidir que seria assim. Porém, um dia ouvimos um relato empolgado por parte de uma enfermeira de todos as intervenções que os RN's passavam, ela achava lindo e normal. Para nós aquilo foi a gota d'água, jamais deixaria que minha menina chegasse ao mundo recebendo aquelas 'boas vindas'.
No dia seguinte liguei para Giovana e combinamos uma consulta. Esse foi o momento em que fui salva de uma cesárea desnecessária, esse momento que eu e Ana Luísa ganhamos o direito de nós conhecer da forma mais natural e linda.
Esses foram os motivos externos para a escolha, mas internamente eu tinha a sensação que eu devia esse presente a ela. Que eu merecia parir, que seria um momento transformador para mim e ninguém tiraria isso de mim, seria o meu primeiro grande ato como MÃE.
Agora vamos para o relato em si.
No dia 26/11 a Gi e a Suzana vieram em casa para mais uma deliciosa consulta de parteira. A Gi fez acupuntura e disse que se fosse a hora estimularia a entrar em trabalho de parto. Eu descobri ai que sou uma mulher de pouca fé, rs. Como não senti nada e tinha na minha cabeça que ela nasceria com umas 41 semanas, achei que não tinha dado certo.
Na manhã do dia seguinte acordei sentindo uma cólica, igual cólica menstrual, fiquei empolgada mas decidi não me empolgar tanto vai que era alarme falso. Comecei a cronometrar, essas pequenas cólicas estavam vindo em intervalo de 10 em 10 minutos. Acordei o Gu, que por sinal estava em um dia que seria super atarefado e brinquei sobre a possibilidade de ele não poder ir a São Paulo naquele dia. Ele no momento também não levou muito a sério no momento. Mas como as contrações estavam vindo com a mesma frequência decidimos sair para comprar as coisas que faltavam da lista que a Gi tinha passado no dia anterior.
Fomos ao centro, tomamos café, fomos em vária lojas e mercado. E as contrações começavam a ficar mais intensas. Quando fomos almoçar fui ao banheiro e saiu um pouco do que eu achava que fosse o tampão, só ai acreditei que poderia realmente estar em trabalho de parto. A Gi ficou super empolgada quando ligamos para ela e pediu para continuar a cronometrar.
Chegamos em casa por volta das 14h e com o maior cuidado do mundo, pois a duas casas da nossa mora a minha sogra e ele não sabia que o parto seria em casa mesmo. Resolvemos não contar para ninguém, pois seria uma chuva de negatividade e gente tentando nos incriminar sobre a escolha.
As contrações vindo de 7 em 7 minutos e eu e o Gu lavando as toalhas. Fiquei com medo de não dar tempo de secar e resolvemos levar até a casa da minha tia e colocar na secadora. Isso eram 16h e ai vi que não aguentaria mais fazer tantas coisas.
Voltei para casa e entrei no chuveiro, as contrações começaram a vir de 4 em 4 minutos e durar 1 minuto mais ou menos.
A Gi chegou contou as contrações e fez o toque e eu estava com 5 cm de dilatação. Me animei, não achei que estava tão evoluído assim.
Ela voltou para casa buscar as coisas e eu voltei para o chuveiro. Ligou para a Prí vir de Sorocaba e avisou a Suzana que estava de plantão.
A partir desse momento as coisas não são tão claras na minha cabeça, lembro que houve tombo no chuveiro, várias conversas, dor aumentando, todas me incentivando muito, Suzana me dando muita força nos momentos finais, massagem da Prí, tentativa de comer chocolate, choro emotivo ouvindo música. Enfim, um milhão de sensações.
Ao longe ouvi um 'enche a piscina' e 'não enche não para, pois não vai dar tempo'. Não sei exatamente o horário, mas acho que por volta das 20h comecei sentir vontade de fazer força. Deitei na cama para sabermos com quantos centímetros de dilatação eu estava. Nesse momento eu senti dor, a posição não favorecia, fiquei pensando nas pessoas que dão a luz assim: coitadas!
Estava exausta, só queria que me deixassem descansar, talvez dormir um pouco. Entre uma força e outra só queria descansar. Sentei no banquinho com o Gu atrás de mim, me dando a mesma força que sempre deu desde o dia que descobri a gestação, desde o dia que nos conhecemos.
Vinha a vontade de fazer força, e era incontrolável, uma força que vinha não sei de onde. No meio de uma dessas só ouvi um 'calma, calma, senão vai lacerar' e foi nesse momento que minha consciência voltou com tudo e ouvi o chorinho mais lindo desse mundo.
Ana Luísa nasceu ás 21h17, com circular de cordão, veio direto para o meu colo, linda, com um cheirinho maravilhoso, um chorinho gostoso. Papai quem cortou o cordão somente na hora que ele deixou de pulsar. Recebeu nota 9 e 10 de Apgar. Não teve nenhuma intervenção desnecessária, ninguém passou sonda alguma nela, não foi aspirada, nem picada. A única coisa que ela recebeu quando nasceu foi amor e muito.
Só tenho a agradecer por esse momento, primeiramente a Deus, a toda a equipe maravilhosa e querida que estava presente nesse dia tão especial. Obrigada Giovana Françani Fragoso, Priscila Maria Colacioppo e Suzana Coca Keinert.
Ao Gustavo Gurgel, meu amor, que desde o dia que nos reencontramos passou a ser parte de mim, meu o obrigado especial. Obrigado pelo apoio, por todo amor e pela Ana Luísa. Você me deu o maior presente de toda a minha vida e o que eu mais desejei, uma família. Te amo!
É isso, todas somos capazes de parir, basta tirar as vendas que essa indústria de parto nos colocou e acreditar. Acredite, empodere-se e não deixe ninguém tirar o seu protagonismo.