segunda-feira, 28 de abril de 2014

Relato de Parto Francine Rodrigues


O nascimento do THEO – 28/05/13

O maior presente da minha vida! Talvez seja esta a definição que mais se aproxima daquilo que já vivi, a partir do momento que descobri que este menininho viria ao mundo.

Lembro como se fosse hoje o dia em que fiquei sabendo que estava grávida.

Deste dia em diante comecei a planejar as próximas décadas da minha vida. Mas, nem sempre as coisas acontecem como o esperado. Sim, as vezes elas acontecem melhor ainda!

Tive uma gravidez tranquila, fiz hidroginástica, trabalhei até dois dias antes do meu bebê nascer e sonhava com o momento em que entraria em trabalho de parto.

No dia 27/5 comecei a sentir uma dorzinha chatinha por volta das 5h30. Então liguei para a minha coordenadora e disse “acho que hoje não dá pra eu trabalhar!”. Ela foi muito compreensiva e me desejou uma boa hora. Eu estava super animada, achando que logo as dores aumentariam, mas meia hora depois não estava sentindo mais nada.

Então, com toda calma do mundo, resolvi que iria fazer umas comprinhas no supermercado! É, consegui manter a calma e aumentar a fatura do cartão de crédito!

A dor permaneceu inalterada durante todo dia.

A noite, meu esposo e eu fizemos uma jantinha saborosa, assistimos a um show do Kid Abelha pela TV e dormimos. Mal sabíamos que esta seria a última noite que seríamos apenas um casal, e que no dia a seguir já poderíamos referir a nós como uma família!

Por volta das 4h30 levantei para ir ao banheiro. Lá, ao me limpar, percebi que a bolsa havia rompido, pois estava saindo um líquido claro com um pouquinho de sangue. Com toda calma do mundo, avisei ao marido que já entrou em colapso nervoso. Ele me perguntou: “O que eu faço?” e eu respondi “volte a dormir”.

Tomei um banho relaxante, conversei bastante com o Theo, fiz alguns agachamentos no chuveiro, lavei a cabeça e sequei o cabelo. Sim, mantive a calma!

Às 5h10 resolvi sair do banho porque as dores estavam começando a ficar mais próximas. Quando cheguei ao quarto, o marido organizado ao extremo já havia enviado os e-mails para a empresa toda com todos os direcionais das atividades diárias e (detalhe importante) avisado que talvez não fosse trabalhar porque o bebê já estava chegando!

Começamos a contar o número de contrações em 10 minutos e o tempo que elas duravam. Estavam de 10 em 10 minutos. Elas foram aumentando até 5 em 5 minutos. Então resolvi que deveria ir até a padaria. Sim, mantive a calma!

Chegando na padaria não consegui sair, porque a dor estava um pouco mais intensa. Fiquei no carro enquanto o marido voltava com o saquinho de pão de queijo!

Voltamos pra casa e as dores já estavam a cada 3 minutos. Daí, pedi a ele que ligasse para a obstetra e fossemos ao hospital. Ela mandou irmos imediatamente para o hospital. E lá fomos: duas malas, uma bola de pilates, um marido nervoso e um gestante calma!

Respondam-me rapidamente: alguém consegue andar a 10 km/hora em um carro? O marido conseguiu naquele dia. Acho que ele pensava que se andasse devagar, o bebê esperaria mais para nascer. Sim, naquele momento eu perdi a calma! E pedi “peloamordeDeus” que ele fosse mais rápido!

Chegando lá às 7h54, a médica que me atendeu perguntou de quanto tempo estava a dor. Respondi bravamente “2 em 2 minutos”. Perguntou novamente “é primeiro filho?”. Respondi sem cogitar “sim!”. Acho que ela pensou que ainda demoraria, pois a minha cara não era a das piores. Quando ela fez o toque descobriu que eu já estava com dilatação total e só faltava o bebê terminar de rodar.

As únicas coisas que consegui falar foi “quero meu marido cortando o cordão” e “não quero anestesia!”. Quase uma leoa em pele de mulher!

E foi assim...

Em uma linda manhã de terça-feira o Theo nasceu às 8h23 de um parto normal lindo, com 3.500 e 49 cm. Fui a primeira a carregá-lo e pude dizer “Pai obrigada pelo meu presente!”. O papai cortou o cordão umbilical e a pediatra o colocou para mamar. Como estava corrido para a equipe (no momento aconteciam duas cesáreas), pedi a médica que deixasse ele ficar ali conosco. E, escutando a chuvinha lá fora, ficamos nós três, bem juntinhos, como se não tivesse ninguém ao nosso redor.

E não é assim que deve ser? Muito respeito, muito amor, muito calor?

Desde aquele dia minha vida mudou. Desde aquele dia o mundo mudou! Pois, “para mudar o mundo, primeiro precisamos mudar a forma de nascer (Michel Odent)”.
— com Rafael Gomes.